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Igreja Católica

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
Igreja Católica
Sãopedro1.jpg Basílica de São Pedro, no Vaticano

A Igreja Católica (o termo "católico", derivado da palavra grega: καθολικός (katholikos), significa "universal" ou "geral"), chamada também de Igreja Católica Romana [1] e Igreja Católica Apostólica Romana [2], é uma Igreja cristã com aproximadamente dois mil anos[3], colocada sob a autoridade suprema do Papa, Bispo de Roma e sucessor do apóstolo Pedro. Seu objetivo é a conversão ao ensinamento e à pessoa de Jesus Cristo em vista do Reino de Deus, e concede um papel importante nessa missão à pessoa da Santíssima Virgem Maria (a quem intitulou de "Mãe da Igreja")[4][5]. Para este fim, a Igreja Católica administra os sacramentos e prega o Evangelho de Jesus Cristo.[6] Atua em programas sociais e instituições em todo o mundo, incluindo escolas, universidades, hospitais e abrigos, bem como administra outras instituições de caridade, que ajudam famílias, pobres, idosos e doentes.[6]

A Igreja Católica não pensa como uma Igreja entre outras mas como sendo "A Igreja" estabelecida por Deus para salvar todos os homens. Esta ideia é visível logo no seu nome: o termo "católico" significa universal em grego. Ela elaborou sua doutrina ao longo dos concílios a partir da Bíblia, comentados pelos Pais e pelos doutores da Igreja. Ela propõe uma vida espiritual e uma regra de vida aos seus fiéis inspirada no Evangelho e definidas de maneira precisa. Regida pelo Código de Direito Canónico, ela se compõe, além da sua muita bem conhecida hierarquia ascendente que vai desde do simples diácono ao supremo Papa, de vários movimentos apostólicos, que comportam notadamente as ordens religiosas, os institutos seculares e uma ampla diversidade de organizações e movimentos de leigos.

Desde o dia 19 de Abril de 2005, a Igreja Católica é liderada pelo Papa Bento XVI. Nesse mesmo ano, ela contava aproximadamente com 1115 milhões de membros [7] (ou seja, mais de um sexto da população mundial[8] e mais da metade de todos os cristãos,[9]), distribuídos principalmente na Europa e nas Américas mas também noutras regiões do mundo. Sua influência na História do pensamento bem como sobre a História da arte é considerável, notadamente na Europa.

A Igreja Católica, pretendendo respeitar a cultura e a tradição dos seus fiéis, é por isso actualmente constituída por 23 Igrejas autônomas sui juris, todas elas em comunhão completa e subordinadas ao Papa. Estas Igrejas, apesar de terem a mesma doutrina e fé, possuem uma tradição cultural, histórica, teológica e litúrgica diferentes e uma estrutura e organização territorial separadas. A Igreja Católica é muitas vezes confundida com a Igreja Católica Latina, uma das suas 23 Igrejas autónomas e a maior de todas elas [10][11][12].

Índice

[esconder]

História

A Igreja Católica possui mais de dois mil anos de história, sendo a mais antiga instituição ainda em funcionamento. Sua história é integrante à História do Cristianismo e a história da civilização ocidental.[13].

Doutrina

Segundo o Catecismo de São Pio X, a doutrina católica "é a doutrina que Jesus Cristo Nosso Senhor nos ensinou, para nos mostrar o caminho da salvação" e da vida eterna [14]. "As partes principais e mais necessárias da Doutrina [...] são quatro: o Credo, o Pai-Nosso, os Mandamentos e os Sacramentos" [15][16].

A Igreja Católica acredita que todas as coisas que ela acredita foram sendo gradualmente reveladas por Deus através dos tempos (nomeadamente ao longo do Antigo Testamento), atingindo a sua plenitude e perfeição em Jesus Cristo (que anunciou definitivamente o Evangelho à humanidade) [17], que é considerado pelos católicos e cristãos como o Filho de Deus, o Messias e o Salvador do mundo e da humanidade [18][19].

Mas, a definição e compreensão da doutrina católica (que é baseada na Revelação divina) é progressiva, necessitando por isso do constante estudo e reflexão da Teologia, mas sempre fiel à Revelação e sempre orientada pelo Magistério da Igreja. A esta definição progressiva da doutrina dá-se o nome de desenvolvimento da doutrina [20]. Esta Revelação imutável e definitiva é transmitida pela Igreja sob a forma de Tradição [21]. A doutrina católica está expressa e resumida no Credo dos Apóstolos, no Credo Niceno-Constantinopolitano e também em variadíssimos documentos da Igreja, como por exemplo no Catecismo da Igreja Católica (CIC) e no seu Compêndio (CCIC) [22].

Dogmas e Santíssima Trindade

O Cristograma com uma coroa de flores simbolizando a vitória da Ressurreição.

Com os seus estudos teológicos, a Igreja vai-se gradualmente instituindo os seus dogmas, que é a base da sua doutrina, sendo o último dogma (o da Assunção da Virgem Maria) proclamado solenemente apenas em 1950, pelo Papa Pio XII. Para os católicos, um dos dogmas mais importantes é o da Santíssima Trindade, que, não violando o monoteísmo, professa que Deus é simultaneamente uno (porque, em essência, só existe um Deus) e trino (porque está pessoalizado em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se estabelecem entre si uma comunhão perfeita). Estas 3 Pessoas eternas, apesar de possuirem a mesma natureza, "são realmente distintas" [23].

Logo, muitas vezes, certas actividades e atributos divinos são mais reconhecidas (mas não exclusivamente realizadas) em uma Pessoa do que em outra. Como por exemplo, a criação divina do mundo está mais associado a Deus Pai; a salvação do mundo a Jesus, o Filho de Deus; e a protecção, guia, purificação e santificação da Igreja ao Espírito Santo [23].

Jesus, a salvação e o Reino de Deus

Ver artigos principais: Jesus, Salvação e Reino de Deus.
A crucificação e morte redentora de Jesus faz parte da vontade de Deus Pai de salvar toda a Humanidade.

Jesus Cristo é a figura central do Cristianismo, porque, por vontade de Deus Pai [24], ele encarnou-se (veio à Terra) para anunciar a salvação à humanidade inteira, "ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4)" [25]; e para "anunciar as boas novas do Reino de Deus" [26]. Santo Atanásio, um famoso Padre e Doutor da Igreja, afirmou que Jesus, "o Filho de Deus, Se fez homem, para nos fazer Deus", ou seja, para nos tornarmos santos como Deus [27].

O dogma cristológico ensina que Jesus é a encarnação do Verbo divino, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Messias, Salvador e Bom Pastor da Humanidade [28]. Ele é também «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o único e verdadeiro Sumo Sacerdote [29] e Mediador entre os homens e Deus Pai, chegando mesmo a afirmar que "«Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14, 6)" [30].

Nas suas muitas pregações, Jesus, ao anunciar o Evangelho, ensinou as bem-aventuranças e insistiu sempre «que o Reino de Deus está próximo» (Mt 10,7). Exortou também que quem quisesse fazer parte desse Reino teria de nascer de novo, de se arrepender dos seus pecados, de se converter e purificar. Jesus ensinava também que o poder, a graça e a misericórdia de Deus era maior que o pecado e todas as forças do mal, insistindo por isso que o arrependimento sincero dos pecados e a em Deus podem salvar os homens [31]. Este misterioso Reino, que só se irá realizar-se na sua plenitude no fim do mundo, está já presente na Terra através da Igreja, que é a sua semente. No Reino de Deus, o Mal será inexistente e os homens salvos e justos, após a ressurreição dos mortos e o fim do mundo, passarão a viver eternamente em Deus, com Deus e junto de Deus [32].

A doutrina católica professa também que a salvação do Homem deve-se, para além da graça divina, ao voluntário Sacrifício e Paixão de Jesus na cruz. Este supremo sacrifício deve-se à vontade e ao infinito amor de Deus, que quis salvar toda a humanidade [33][34]. Além disso, é também fundamental para a salvação a adesão livre do crente à em Jesus Cristo e aos Seus ensinamentos, porque a liberdade humana, como um dom divino, é respeitado por Deus, o nosso Criador [35][36].

Esta fé cristã "opera pela caridade" ou amor (Gal 5,6), por isso ela obriga o crente a converter-se e a levar uma vida de santificação. Este modo de viver obriga o católico a participar e receber os sacramentos e a "conhecer e fazer a vontade de Deus" [37]. Este último ponto é cumprido através, como por exemplo, da prática dos ensinamentos revelados (que se resumem nos mandamentos de amor ensinados por Jesus), das boas obras e também das regras de vida propostas pela Igreja Católica [16][38][39]. Estes mandamentos de amor consistem em amar a Deus acima de todas as coisas (Mt 22,37), amar ao próximo como a si mesmo (Mt 22,39) e amar uns aos outros como Eu vos amei (Jo 15,10). Estes ensinamentos radicais constituem por isso o resumo de "toda a Lei e os Profetas" do Antigo Testamento (Mt 22,40) [40]. No fundo, a vida de santificação proposta pela Igreja tem por finalidade e esperança últimas à salvação [41] e à implementação do Reino de Deus [32][42].

A Igreja ensina também que todos os não-católicos que, sem culpa própria, ignoram a Palavra de Deus e a Igreja Católica, mas que "procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade", podem conseguir a salvação [43].

Eclesiologia

Ver artigos principais: Igreja, Eclesiologia e Quatro marcas da Igreja.
A Igreja está alicerçada sobre o Apóstolo Pedro, a quem Cristo prometeu o Primado, ao afirmar que "sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" e que "dar-te-ei as chaves do Reino de Deus" (cf. Mt 16, 17-20).

A Igreja Católica define-se pelas palavras do Credo Niceno-Constantinopolitano, como:

  • «santa» por causa da sua ligação única com Deus, o seu Autor, porque "o Espírito Santo vivificou-a com a caridade" e porque ela é a "Esposa de Cristo"; também porque ela, através dos sacramentos, tem por objectivo santificar, purificar e transformar os fiéis, reunindo-os todos para o seu caminho de santificação, cujo objectivo final é a salvação, que consiste na vida eterna, na realização final do Reino de Deus e na obtenção da santidade [45].
  • «católica» porque a Igreja é universal e está espalhada por toda a Terra; é portadora da integralidade e totalidade do depósito da fé; "leva e administra a plenitude dos meios" necessários para a salvação" (incluindo os sete sacramentos), dados por Jesus à sua Igreja; "é enviada em missão a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles pertençam"; e nela está presente Cristo [46][47].
  • «apostólica» porque ela é fundamentada na doutrina dos Apóstolos cuja missão recebeu sem ruptura [48]. Segundo a Doutrina Católica, todos os Bispos da Igreja são sucessores dos Apóstolos e o Papa, Chefe da Igreja, é o sucessor de São Pedro ("Príncipe dos Apóstolos"), que é a pedra na qual Cristo edificou a sua Igreja.

Além disso, a Igreja, de entre os seus inúmeros nomes, também é conhecida por:

  • <<Corpo de Cristo>> porque os católicos acreditam que a Igreja não é apenas uma simples instituição, mas um corpo místico constituído por Jesus, que é a Cabeça, e pelos fiéis, que são membros deste corpo único, inquebrável e divino. Este nome é assente também na fé de que os fiéis são unidos intimamente a Cristo, por meio do Espírito Santo, sobretudo no sacramento da Eucaristia [49]. A Igreja Católica acredita que os cristãos não-católicos também pertencem, apesar de um modo imperfeito, ao Corpo Místico, visto que tornaram-se uma parte inseparável d'Ele através do Baptismo - constituindo assim numas das bases do ecumenismo actual. Ela defende também que muitos elementos de santificação e de verdade estão também presentes nas Igrejas e comunidades cristãs que não estão em plena comunhão com o Papa [50].
  • <<Esposa de Cristo>> porque o próprio Cristo "Se definiu como o «Esposo» (Mc 2,19) que amou a Igreja, unindo-a a Si por uma Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de todos os filhos de Deus" [51].
  • <<Templo do Espírito Santo>> porque o Espírito Santo reside na Igreja, no Corpo Místico de Cristo, e estabelece entre os fiéis e Jesus Cristo uma comunhão íntima, tornando-os unidos num só Corpo. Para além disso, Ele guia, toma conta e "edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os sacramentos, as virtudes e os carismas" [52].

Divergências com as outras Igrejas cristãs

A doutrina da Igreja Ortodoxa é bastante parecida com a da Igreja Católica. As únicas diferenças significativas dizem respeito ao filioque, ao entendimento um pouco divergente da salvação e do arrependimento e principalmente à compreensão do papel e função do Papa na Igreja, que para os ortodoxos não tem jurisdição sobre as outras Igrejas nem é revestido de infalibilidade quando fala ex cathedra.

Em relação às Igrejas protestantes, as diferenças mais significativas dizem respeito à doutrina da Eucaristia, dos outros sacramentos (a maioria dos protestantes só professam o Baptismo e a Eucaristia), à existência do purgatório, à composição do Cânone das Escrituras e ao culto de veneração à Virgem Maria e aos santos. Há também diferenças importantes na doutrina do pecado original e da graça, na necessidade e natureza da penitência e no modo de obter a redenção, com os protestantes a defenderem que a salvação só se atinge apenas através da fé (sola fide), em detrimento da crença católica que a fé deve ser expressa também através das boas obras. Esta divergência levou a um conflito sobre a doutrina da justificação, mas o diálogo ecuménico moderno levou a alguns consensos entre os católicos e os luteranos, através da Declaração Conjunta Sobre a Doutrina da Justificação, bem como com os anglicanos e outros.

Nas últimas décadas milhares de grupos religiosos têm sido fundados visando atrair sobre si o título de verdadeira e única Igreja de Cristo. A Igreja Católica também reclama para si tal título, alegando que o apóstolo São Pedro foi instituido primeiro Papa pelo próprio Jesus Cristo, tomando como base uma interpretação livre, mas questionável, da Bíblia Sagrada, uma que vez que este livro foi compilado na Igreja Católica.

Dez Mandamentos e a Moral

Existem várias representações dos Dez Mandamentos, que é a base e o mínimo fundamental da Lei moral (ou Lei de Deus), devido à diversidade de traduções existentes. A mais utilizada é aquela ensinada actualmente na catequese de língua portuguesa da Igreja Católica:

  • 1º Amar a Deus sobre todas as coisas.
  • 2º Não invocar o Santo Nome de Deus em vão.
  • 3º Guardar domingos e festas de guarda.
  • 4º Honrar pai e mãe.
  • 5º Não matar.
  • 6º Guardar castidade nas palavras e nas obras.
  • 7º Não roubar.
  • 8º Não levantar falsos testemunhos.
  • 9º Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos.
  • 10º Não cobiçar as coisas alheias.

Segundo a doutrina católica sobre os Dez Mandamentos, eles são de observância e cumprimento obrigatórios, porque "enuncia deveres fundamentais do homem para com Deus e para com o próximo" e dão a conhecer também a vontade divina sobre a conduta moral dos homens [53].

Sacramentos

O baptismo de uma criança.

Dentro da fé católica, os sacramentos, que a Igreja acredita serem instituídas por Jesus, são gestos e palavras de Cristo que concedem e comunicam a graça santificadora sobre quem os recebe. Sobre os sacramentos, São Leão Magno diz: "«o que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos»" [54].

Ao celebrá-los, a Igreja Católica alimenta, exprime e fortifica a sua fé, sendo por isso os sacramentos uma parte integrante e inalienável da vida de cada católico e fundamentais para a sua salvação. Isto porque eles conferem ao crente a graça divina, os dons do Espírito Santo, "o perdão dos pecados, [...] a conformação a Cristo Senhor e a pertença à Igreja", que o torna capaz "de viver a vida nova de filhos de Deus em Cristo acolhido com a ". Daí a grande importância dos sacramentos na liturgia católica [55]. Ao todo, a Igreja Católica tem sete sacramentos:

  • Baptismo é dado às criança e a convertidos adultos que não tenham sido antes baptizados validamente (o baptismo da maior parte das igrejas cristãs é considerado válido pela Igreja Católica, contanto que seja feito pela fórmulta: "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". A rigor, todo cristão pode, nessa fórmula, batizar validamente alguém, nomeadamente em situações urgentes. Entretanto, o baptismo será ilícito, devendo o baptizado ser levado na presença de um sacerdote, para que complete os rituais do sacramento, como a unção com o Crisma e com o óleo dos catecúmenos).
  • Confissão, Penitência ou Reconciliação envolve a admissão de pecados perante um padre e o recebimento de penitências (tarefas a desempenhar a fim de alcançar a absolvição ou o perdão de Deus).
  • Eucaristia (Comunhão) é o sacramento mais importante da Igreja porque ela relembra e renova o mistério pascal de Cristo, actualizando e renovando assim a salvação da humanidade [56]. Por isso, recebe também o nome de Santíssimo Sacramento. Este sacramento está associado também à transubstanciação, que é a crença de que, após a consagração, o pão e o vinho oferecidos e consagrados se tornam realmente o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, sob as aparências de pão e vinho.
  • Na Confirmação ou Crisma, o Espírito Santo, que é recebido no baptismo é "fortalecido e aprofundado" [57] através da imposição de mãos e da unção com santo óleo do Crisma. Na maior parte das igrejas de Rito latino, este sacramento é presidido por um bispo e tem lugar no início da idade adulta (na maioria das vezes, quando se completam 15 anos). Nas Igrejas Católicas Orientais o sacramento do Crisma é geralmente executado por um padre imediatamente depois do baptismo.
  • Sagrado matrimónio é o sacramento que valida, diante de Deus, a união de um homem e uma mulher, constituindo assim uma família. Segundo a tradição católica, com base no Evangelho de São Marcos, o casamento é indissolúvel. Só é permitido um segundo casamento no caso da morte de um dos cônjuges ou em situações especias de nulidade do casamento.
  • As Ordens Sagradas recebem-se ao entrar para o clero, através da consagração das mãos com o santo óleo do Crisma e, no rito latino (ou ocidental), envolvem um voto de castidade enquanto que nos ritos orientais, os homens casados são admitidos como padres diocesanos, mas não como bispos ou padres monásticos. Em raras ocasiões, permitiu-se que padres casados que se converteram a partir de outros grupos cristãos fossem ordenados no rito ocidental. No rito ocidental, os homens casados podem ser ordenados diáconos permanentes, mas não podem voltar a casar se a esposa morrer ou se for declarada a nulidade do casamento. O sacramento das Ordens Sagradas é dado em três graus: o do diácono (desde o Concílio Vaticano II um diácono permanente pode ser casado antes de se tornar diácono), o de sacerdote e o de bispo.
  • A Unção dos enfermos era conhecida como "extrema unção" ou "último sacramento". Envolve a unção de um doente com um óleo sagrado dos enfermos, abençoado especificamente para esse fim. Já não está limitada aos doentes graves e aos moribundos, mas a Igreja recomenda esse sacramento e o viático para a hora da morte.

Cinco Mandamentos da Igreja Católica

Os cinco mandamentos ou preceitos da Igreja Católica (não confundir com os Dez Mandamentos da Lei de Deus), na sua forma atual, foram promulgados em 2005 pelo Papa Bento XVI, quando suprimiu o termo "dízimos" do quinto mandamento (pagar dízimos conforme o costume), cujo sentido real era, obviamente, uma contribuição segundo as possibilidades de cada um, e não uma taxação ou imposto sobre os rendimentos.

Os cinco mandamentos ou preceitos da Igreja são:[58]

  1. Participar na Missa, aos domingos e festas de guarda e abster-se de trabalhos e actividades que impeçam a santificaçãodesses dias.
    Os dias santos de guarda ou preceito que podem não ser no domingo são dez:[59] [nota 1]
    1 de Janeiro - Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus;
    6 de Janeiro - Epifania
    19 de Março - Solenidade de São José
    Ascensão de Jesus (data variável - quinta-feira da sexta semana da Páscoa)
    Corpus Christi (data variável - 1ª quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade)
    29 de Junho - Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.
    15 de Agosto - Assunção de Maria
    1 de Novembro - Dia de Todos-os-Santos
    8 de Dezembro - Imaculada Conceição de Maria
    25 de Dezembro - Natal
  2. Confessar os pecados ao menos uma vez cada ano.
  3. Comungar o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa.
  4. Guardar a abstinência e jejuarnos dias determinados pela Igreja:
    Dias de jejum: Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa.[60]
    Dias de abstinência de carne ou de qualquer outra comida determinada pela conferência episcopal: todas as sextas-feiras, principalmente as da Quaresma, a não ser que uma solenidade seja numa sexta-feira.[60]
  5. Contribuir para as necessidades materiais da Igreja, segundo as possibilidades.

Estrutura e cargos

Bento XVI, o actual Papa e sucessor do Apóstolo São Pedro.

A Igreja Católica tem uma estrutura altamente hierarquizada, sendo o seu Chefe o Papa. A expressão "Santa Sé" significa o conjunto do Papa e dos dicastérios da Cúria Romana, que o ajudam no governo de toda a Igreja.

A Igreja tem uma estrutura hierárquica de títulos que são, em ordem descendente:

  • Presbíteros ou Padres são os colaboradores dos bispos e só têm um nível de jurisdição parcial sobre os fiéis. Alguns deles lideram as paróquiasda sua diocese.
    • Monsenhor é um título honorário para um presbítero, que não dá quaisquer poderes sacramentais adicionais.

Todos os ministros sagrados supra-mencionados fazem parte do clero. A Igreja acredita que os seus clérigos são "ícones de Cristo" [63], logo todos eles são homens, porque os doze Apóstolos são todos homens e Jesus, na sua forma humana, também é homem [64]. Mas isto não quer dizer que o papel da mulher na Igreja seja menos importante, mas apenas diferente [65]. Exceptuando em casos referentes aos diáconos e a padres ordenados pelas Igrejas orientais, todo o clero católico é celibatário [66]. Os clérigos são importantes porque efectuam exclusivamente determinadas tarefas, como a celebração da Missa e dos sacramentos.

Existem ainda funções menores: Leitor, Ministro Extraordinário da Comunhão eucarística, Ministro da Palavra e Acólito. Estas funções tomados em conjunto não fazem parte do clero, pois são conferidas aos leigos, uma vez que, para entrar para o sacerdócio, é preciso ao católico receber o sacramento da Ordem. Desde o Concílio Vaticano II, os leigos tornaram-se cada vez mais importantes no seio da vida eclesial e gozam de igualdade em relação ao clero, em termos de dignidade, mas não de funções [67].

Dentro da Igreja, existem um grupo de leigos ou de clérigos que decidiram tomar uma vida consagrada e normalmente agrupam-se em ordens religiosas, congregações religiosas ou em institutos seculares, existindo porém aqueles que vivem isoladamente ou até junto dos não-consagrados. Estes movimentos apostólicos têm a sua própria hierarquia e títulos específicos.

Culto e prece

Ver artigos principais: Culto cristão e Oração.
Procissão de Nosso Senhor dos Passos: uma das inúmeras expressões de piedade popular.

Na Igreja Católica, para além do culto de adoração a Deus (latria), existe também o culto de veneração aos Santos (dulia) e à Virgem Maria (hiperdulia). Estes dois cultos, sendo a latria mais importante, são muito diferentes, mas ambos são expressos através da liturgia, que é o culto oficial e público da Igreja, e também através da piedade popular, que é o culto privado dos fiéis [68][69].

Dentro da liturgia, destaca-se a Missa (de frequência obrigatória aos Domingos e festas de guarda) e a Liturgia das Horas; enquanto que na piedade popular, destacam-se indubitavelmente as devoções e as orações quotidianas. Apesar de a piedade popular ser de certo modo facultativa, ela é muito importante para o crescimento espiritual dos católicos [68][69]. As principais devoções católicas são expressas em "fórmulas de orações" a Deus (Pai, Filho e Espírito Santo), à Virgem Maria e aos Santos (novenas, trezena, Santo Rosário...); em "peregrinações aos luga­res sagrados"; na veneração de medalhas, estátuas, relíquias e imagens sagradas e bentas de Cristo, dos Santos e da Virgem Maria; em procissões; e em outros "costumes populares" [70].

Liturgia

Ver artigos principais: Liturgia católica, Missa e Liturgia das Horas.

O ato de prece mais importante na Igreja Católica é, sem dúvida, a liturgia Eucarística, normalmente chamada de Missa. A liturgia, que é centrada na missa, é a celebração oficial e pública do "Mistério de Cristo e em particular do seu Mistério Pascal". Através dela, "Cristo continua na sua Igreja, com ela e por meio dela, a obra da nossa redenção" [71]. Esta "presença e actuação de Jesus" são assegurados eficazmente pelos sete sacramentos [68][69], com particular para a Eucaristia, que renova e perpetua "o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até ao regresso" de Jesus. Por isso, toda a missa centra-se na Eucaristia, porque ela "é fonte e cume da vida cristã" e nela "a acção santificadora de Deus em nosso favor e o nosso culto para com Ele" atingem o cume [72].

Jesus, como Cabeça, celebra a liturgia com os membros do seu Corpo, ou seja, com a sua "Igreja celeste e terrestre", constituída por santos e pecadores, por habitantes da Terra e do Céu [71][73]. Cada membro da Igreja terrestre celebra e actua na liturgia "segundo a sua própria função, na unidade do Espírito Santo: os baptizados oferecem-se em sacrifício espiritual [...]; os Bispos e os presbíteros agem na pessoa de Cristo Cabeça", representando-O no altar. Daí que só os clérigos (exceptuando os diáconos) é que podem celebrar e conduzir a Missa, nomeadamente a consagração da hóstia [74]. Apesar de celebrar o único Mistério de Cristo, a Igreja possui muitas tradições litúrgicas diferentes, devido ao seu encontro, sempre fiel à Tradição católica, com os vários povos e culturas. Isto constitui uma das razões pela existência das 23 Igrejas sui juris que compõem a Igreja Católica [75].

A missa é celebrada todos os domingos; no entanto, os católicos podem cumprir as suas obrigações dominicais se forem à missa no sábado. Os católicos devem também ir à missa em cerca de dez dias adicionais por ano, chamados de Dias Santos de Obrigação. Missas adicionais podem ser celebradas em qualquer dia do ano litúrgico, excepto na Sexta-feira Santa, pois neste dia não se celebra a Missa em nenhuma igreja católica do mundo. Muitas igrejas têm missas diárias. A missa é composta por duas partes principais: a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Eucaristia. Durante a Liturgia da Palavra, são lidas em voz alta uma ou mais passagens da Bíblia, acto desempenhado por um Leitor (um leigo da igreja) e pelo padre ou diácono (que lêem sempre as leituras do Evangelho). Depois de concluídas as leituras, é feita a homilia por um clérigo. Nas missas rezadas aos domingos e dias de festa, é professado por todos os católicos presentes o Credo, que afirma as crenças ortodoxas (ou seja, oficiais) do catolicismo. A Liturgia da Eucaristia inclui a oferta de pão e vinho, a Prece Eucarística, durante a qual o pão e o vinho se transformam no Corpo e Sangue de Cristo, e a procissão da comunhão.

Além da missa, a Liturgia das Horas também é extremamente importante na vida eclesial, porque ela é a oração pública e comunitária oficial da Igreja Católica. Esta oração consiste basicamente na oração quotidiana em diversos momentos do dia, através de Salmos e cânticos, da leitura de passagens bíblicas e da elevação de preces a Deus. Com essa oração, a Igreja procura cumprir o mandato que recebeu de Cristo, de orar incessantemente, louvando a Deus e pedindo-Lhe por si e por todos os homens. A Liturgia das Horas, que é uma antecipacão para a celebração eucarística, não exclui, mas requer de maneira complementar, as diversas devoções católicas, particularmente a adoração e o culto do Santíssimo Sacramento.

Organização por região

A unidade geográfica e organizacional fundamental da Igreja Católica é a diocese (chamada eparquia nas Igrejas orientais católicas). Estas correspondem geralmente a uma área geográfica definida, centrada numa cidade principal, e é chefiada por um bispo. A igreja central de uma diocese recebe o nome de catedral, que deriva do termo cátedra (ou cadeira do bispo), que é um dos símbolos principais do seu cargo episcopal. Dentro da diocese ou eparquia, o bispo (ou eparca) exerce aquilo que é conhecido como poder ordinário, ou seja, autoridade própria, não delegada por outra pessoa. Embora o Papa nomeie bispos e avalie o seu desempenho, e exista uma série de outras instituições que governam ou supervisionam certas actividades eclesiásticas, um bispo tem uma autonomia relativamente grande na administração de uma diocese ou eparquia. Algumas dioceses ou eparquias, geralmente centradas em cidades grandes e importantes, são chamadas arquidioceses ou arquieparquias e são chefiadas por um arcebispo. Em grandes dioceses (ou eparquias) e arquidioceses (ou arquieparquias), o bispo é frequentemente assistido por bispos auxiliares, bispos integrais e membros do Colégio dos Bispos não designados para chefiá-las. Arcebispos, bispos sufragários ou diocesanos (designação frequentemente abreviada simplesmente para "bispos"), e bispos auxiliares, são igualmente bispos; os títulos diferentes indicam apenas que tipo de unidade eclesiástica chefiam. Muitos países têm vicariatos que apoiam as suas forças armadas, chamados normalmente de Ordinariato Militar, e são governados por bispos.

Quase todas as dioceses ou eparquias estão organizadas em grupos conhecidos como províncias eclesiásticas, cada uma das quais é chefiada por um arcebispo metropolitano. Logo, estes arcebispos exercem uma jurisdição e supervisão limitada sobre as dioceses que fazem parte da sua província eclesiástica. Existem também as conferências episcopais, geralmente constituídas por todas as dioceses de um determinado país ou grupo de países. Estes grupos lidam com um vasto conjunto de assuntos comuns, incluindo a supervisão de textos e práticas litúrgicas para os grupos culturais e linguísticos da área, e as relações com os governos locais. Porém, a autoridade destas conferências para restringir as actividades de bispos individuais é limitada. As conferências episcopais começaram a surgir no princípio do século XX e foram oficialmente reconhecidas no documento Christus Dominus, do Concílio Vaticano II.

As dioceses ou eparquias são subdivididas em distritos locais chamados paróquias. Todos os católicos devem frequentar e sustentar a sua igreja paroquiana local. Ao mesmo tempo que a Igreja Católica desenvolveu um sistema elaborado de governo global, o catolicismo, no dia a dia, é vivido na comunidade local, unida em prece na sua paróquia. As paróquias são em grande medida autossuficientes e são administradas por um presbítero (o pároco); uma igreja, frequentemente situada numa comunidade pobre ou em crescimento, que é sustentada por uma diocese, é chamada de "missão".

Para além da sua vasta hierarquia, a Igreja Católica sustenta muitos grupos de monges e frades, não necessariamente ordenados, e religiosas que vivem vidas consagradas, especialmente devotadas a servir a Deus. São pessoas que se juntaram sob um determinado sistema e regra a fim de atingir a perfeita comunhão com Deus. Os membros de algumas ordens religiosas são semi-independentes das dioceses a que pertencem; o superior religioso da ordem exerce jurisdição ordinária sobre eles.

Igrejas sui juris e seus ritos litúrgicos

A Igreja Católica é actualmente constituída por 23 Igrejas autônomas sui juris, todas elas em comunhão completa e subordinadas ao Papa. A maior de todas elas é a Igreja Católica Latina. As restantes 22 Igrejas sui juris, conhecidas colectivamente como "Igrejas Católicas do Oriente", são governadas por um hierarca que pode ser um Patriarca, um Arcebispo maior ou um Metropolita. A Cúria Romana administra quer a Igreja Latina, quer (de maneira mais limitada) as Igrejas orientais. Devido a este sistema, é possível que um católico esteja em comunhão completa com o Pontífice de Roma sem ser um católico latino.

As Igrejas sui iuris ou sui juris utilizam uma das seis tradições litúrgicas tradicionais (que emanam de Sés tradicionais de importância histórica), chamadas de ritos. Os ritos litúrgicos principais são o Romano, o Bizantino, o de Antioquia, o Alexandrino, o Caldeu e o Arménio. O Rito Romano, que predomina na Igreja Latina, é por isso dominante em grande parte do mundo, e é usado pela vasta maioria dos católicos (cerca de 98%); mas mesmo na Igreja Latina existem ainda outros ritos litúrgicos menores, em particular o Rito Ambrosiano, o Rito Bracarense e o Rito Moçárabe). Antigamente havia muitos outros ritos litúrgicos ocidentais, que foram substituídos pelo Rito Romano pelas reformas litúrgicas do Concílio de Trento.

Historicamente, a forma da Missa usada no Rito Romano de 1570 até 1970 (a "Missa Tridentina") era conduzido, na maioria dos países, inteiramente em Latim eclesiástico. Porém, o Concílio Vaticano II (1962-1965) promulgou uma grande revisão do Missal Romano, que agora é celebrada com o padre a voltar para a assembleia (ou o povo), ficando entre eles o altar, e em todos os países na sua língua vernacular (local), além do Latim. Mas, devido às pressões dos católicos tradicionalistas, a partir de 7 de Julho de 2007, através da carta apostólica "Summorum Pontificum", o Papa Bento XVI autorizou os padres a celebrar novamente a Missa Tridentina em latim a pedido dos fiéis.

O serviço correspondente das Igrejas Católicas Orientais, a Divina Liturgia, é conduzido em várias línguas antigas e modernas, segundo o rito e a Igreja: as Igrejas de Rito Bizantino usam o grego, o eslavo eclesiástico, o árabe, o romeno, o georgiano e outras; as igrejas de Ritos Antioquiano e Caldeu usam o siríaco e o árabe; a Igreja de Rito Arménio usa o arménio; e as Igrejas de tradição alexandrina usam o copta e o ge'ez.

Actualmente, a esmagadora maioria dos católicos são de rito latino. Os católicos orientais totalizam somente 16 milhões [76].

Lista

Na lista que se segue, encontra-se enumeradas as 23 Igrejas católicas sui juris, os seus respectivos ritos litúrgicos e a sua respectiva data de fundação (ou de comunhão com a Santa Sé). Esta lista baseia-se no Anuário Pontifício da Santa Sé.

Ritos Ocidentais

São utilizados pela Igreja Católica Latina. Existem vários ritos litúrgicos ocidentais, sendo o mais utilizado o Rito Romano.

Rito Bizantino

É utilizado pelas seguintes Igrejas:

Ritos de Antioquia

São utilizados pelas seguintes Igrejas:

Ritos da Síria oriental (ou da Caldeia)

São utilizados pelas seguintes Igrejas:

Rito Arménio

É utilizado pela Igreja Católica Arménia (1742)

Ritos de Alexandria

São utilizados pelas seguintes Igrejas:

Igreja Católica no mundo contemporâneo

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Percentagem de católicos no mundo.

██ 90%-100%

██ 80%-90%

██ 70%-80%

██ 60%-70%

██ 50%-60%

██ 40%-50%

██ 30%-40%

██ 20%-30%

██ 10%-20%

██ 0%-10%

██ Não-disponível

Na sociedade ocidental, mas não ao nível mundial, a Igreja Católica, como muitas outras denominações cristãs, assistiu a um rápido declínio na sua influência global no fim do século XX. Crenças doutrinárias rígidas em matérias relacionadas com a sexualidade humana são pouco atraentes num mundo ocidental secularizado onde a diversidade de práticas sexuais e a igualdade dos sexos são norma.

A Igreja Católica Apostólica Romana, anteriormente influente nesta parte do globo terrestre, perdeu muita da sua influência, principalmente em lugares onde em tempos desempenhou um papel de primeira importância, como o Quebec, a Irlanda ou a Espanha. A generalidade população abraçou a ideia do secularismo e tentou diminuir a influência da Igreja na sociedade. Ao mesmo tempo, no entanto, o Catolicismo, principalmente o latino, vem experimentando uma dramática adesão em África e em partes da Ásia. Ao passo que em tempos os missionários católicos romanos oriundos do Ocidente serviam como padres em igrejas africanas, em finais do século XX havia um número crescente de países ocidentais que já recrutavam padres africanos para contrabalançar a redução nas suas próprias vocações.

Críticas e controvérsias

Martinho Lutero, um grande crítico da Igreja Católica e o Pai da Reforma Protestante [77].

A Igreja Católica, é uma das instituições mais antigas do mundo contemporâneo. Simultaneamente, ela é uma das mais controversas, porque ela "revela-se muitas vezes [...] em oposição ao que parece ser o conhecimento vulgar dos nossos tempos" e porque ela insiste sempre que "a envolve verdades, que essas verdades envolvem obrigações e que essas obrigações exigem certas escolhas". Por essa razão, a Igreja Católica, "vista do exterior, [...] pode parecer de vistas curtas, mal humorada e atormentadora - o pregador azedo de um infinito rosário de proibições" [78].

Historicamente, as críticas à Igreja Católica já tiveram muitas formas e partiram de diversos pressupostos ao longo das gerações. Algumas vezes essas críticas tiveram grandes consequências, como as contestações morais e teológicas de Martinho Lutero no século XVI, que levaram ao nascimento do protestantismo [77].

Atualmente, as críticas são frequentemente dirigidas, como por exemplo, à hiperdulia, à dulia, à ética católica sobre o casamento (que não aceita o divórcio), sobre a Vida (que não aceita o aborto, a eutanásia, o uso de contraceptivos artificiais e a utilização de células-tronco embrionárias para fins científicos) e sobre a sexualidade (que não aceita o sexo pré-marital, a homossexualidade e o uso de preservativos). Estas questões ético-morais continuam a gerar muitas polémicas e controvérsias [79][80][81]. As acções escandalosas e imorais, que vão contra a doutrina católica, praticadas por certos membros e clérigos católicos (ex: abuso sexual de menores por membros da Igreja Católica) reforçaram as críticas referentes ao modo como essa doutrina trata a sexualidade e a moralidade em geral.[82][83][84]

Nos tempos modernos, a própria crença em Deus e as inúmeras regras ético-morais da Igreja são também duramente criticadas como sendo obstáculos para a verdadeira libertação, progresso e realização do Homem. A origem da Igreja e da Bíblia, a vida de Jesus (com particular destaque às teorias sobre Maria Madalena [85]) e a paradoxal compatibilidade entre a existência de Deus e a existência do mal e do sofrimento são também questionadas [81]. Recentemente, a questão teológica da "unicidade e universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja [Católica]" [86] e a definição teológica de que a Igreja Católica é a única Igreja de Cristo [87] continuam a suscitar várias polémicas e desentendimentos [88]. Apesar destas duas crenças, a doutrina católica nunca negou a salvação aos não-católicos.

Galileu Galilei, um dos símbolos do confronto entre a Igreja Católica e a Ciência.

Questões mais disciplinares da Igreja, como a hierarquia católica, o celibato clerical e a proibição da ordenação sacerdotal às mulheres são também temas muito debatidos na actualidade [81]. Outras controvérsias que a Igreja está ou esteve metida incluem o mediático e actual caso do abuso sexual das crianças por padres [89], as históricas acções opressoras e violentas das Cruzadas e da Inquisição (que perseguiu os hereges, os judeus e alguns cientistas), o seu suposto envolvimento com os regimes não-democráticos e as acções "desatinadas" de alguns missionários católicos durante o período colonial na África, na Ásia e na América [90].

A relação entre a Igreja e a Ciência não foi fácil e está recheada de controvérsias passadas e já resolvidas, como a questão da perseguição de certos cientistas e teorias (ex: os casos famosos de Galileu Galilei e do evolucionismo darwiniano). Apesar de a Igreja defender, a partir do século XX, uma reconciliação com a Ciência [90] (aceitando, como por exemplo, a possível veracidade das teorias do Big-Bang e do evolucionismo [91]), ambas as partes continuam a discordarem-se em questões mais teológicas relacionadas com a infalibilidade e a autenticidade da Revelação divina contida nas Escrituras e na Tradição oral; com a negação da existência de Deus e da alma (e da sua imortalidade); com os momentos exactos do princípio e do fim da vida humana; e com as implicações éticas da clonagem, da contracepção ou fertilização artificiais, da manipulação genética e do uso de células-tronco embrionárias na investigação científica [92][93].

Algumas das controvérsias já actualmente resolvidas foram, em parte, solucionadas através do reconhecimento por parte da Igreja Católica de que erros graves foram cometidos pelos seus membros. No Jubileu do ano 2000, a Igreja pediu perdão pelos actos que considerou errados cometidos pelos seus membros [90].




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